quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CORAÇÃO DE VOCACIONADO


Ninguém entendeu o que se passava no coração daquele homem que, na beira do rio Jordão, conclamava o povo ao batismo e à conversão, apontando o Cordeiro de Deus. E nem quando o talentoso fariseu Saulo, que gozava do direito de ter dupla cidadania (judeu e romano), “mudou de lado” passando a anunciar Aquele a quem ele perseguia.

Ninguém em Assis compreendeu o gesto do filho do nobre Pietro di Bernardone, despindo-se diante dos pais, do Bispo e de todo o povo, afirmando que queria ser o mais pobre dos pobres, abraçando a irmã pobreza. Mais embaraçosa ficou a situação quando, na mesma cidade e na mesma época, a linda e disputada Clara decidia abandonar a nobre casa para desposar Jesus, vivendo em austera pobreza.

E o que dizer da decisão de Karol Wojtyla ao abraçar o sacerdócio, deixando para trás a promissora carreira de professor e ator? Quando Amábile Visintainer, a nossa Santa Paulina, lá em Nova Trento, com apenas 18 anos de idade, despediu-se dos pais para ir morar com uma leprosa a fim de ajudá-la, pensavam que era mero devaneio juvenil.

Os que viveram em São Luís, no interior de Imaruí, no início do século passado, não podiam imaginar que aquela jovenzinha bela e tímida, que lhes chamava a atenção pela delicadeza e devoção, seria apresentada pela Igreja como modelo de santidade para os jovens e adultos do mundo inteiro.

Blaise Pascal disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. O cristão, porém, sabe que a sua existência se deve ao desejo de Deus, segundo um determinado plano de amor. É a isso que chamamos VOCAÇÃO. Deus tem um sonho de felicidade para cada um de Seus filhos. Ao longo da existência Ele vai lhes revelando e clareando este “projeto”. Para isso, Ele usa das circunstâncias da vida, da Sagrada Escritura, do testemunho das pessoas, da voz da Igreja... e até do sofrimento dos pobres!

João Batista, Paulo, Francisco, Clara, João Paulo II, Paulina, Albertina... e tantos outros mais, são exemplos de pessoas que se sentiram profundamente tomadas ao ritmo de um Coração Maior. Sentiram-se chamadas a viver uma vida de entrega e doação tais que acabavam negando-se a si mesmas. Desta forma afirmavam o senhorio de Jesus em suas vidas. Seus corações estavam profundamente unidos a um outro Coração!

“Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração” (Mt 6,19-21)! O Coração de Jesus é um Coração inflamado de amor, reza a piedade popular. E é verdade! Jesus viveu para servir ao Pai e ao povo. Seu maior desejo era fazer a vontade do Pai. Ele foi fiel à sua vocação, redimindo a humanidade com a sua morte na cruz. O seu testemunho é tão forte que, passados os anos, ainda continua a tocar mais corações para uma maior entrega para a missão. Ele continua a chamar e enviar pessoas. Ele continua a tocar seus corações, especialmente dos mais jovens, para viverem segundo o Amor.

Eis o segredo dos santos de ontem e de hoje: sentiram-se irresistivelmente amados e chamados! Eis porque suas atitudes nem sempre são compreendidas por nós. É preciso conhecer a linguagem do Reino para compreender o que leva uma pessoa a tomar a decisão por Jesus.

Ainda hoje o Senhor continua a chamar homens e mulheres de nossa Igreja. Você já se sentiu chamado? Já se permitiu questionar o porquê de você estar “trabalhando” neste ou naquele grupo da comunidade? E qual a qualidade da resposta que você tem dado a tal apelo?

Neste mês do Coração de Jesus, quando a Igreja nos apresenta o testemunho de tantos santos, reflita sobre em qual ritmo pulsa o seu coração. E busque tornar o seu coração mais semelhante ao Sagrado Coração. Como? Vivendo o amor!

“Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em Vós!”

Pe. Auricélio Costa – Promotor Vocacional

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